Portugal é um imenso relvado verde. Cristiano Ronaldo é primeiro-ministro e José Mourinho é Presidente da República.
Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira e Valentim Loureiro (que ofereceu a cada sócio um iPhone 10) presidem aos 3 burgos em que o país foi dividido: Região do Futebol Clube do Porto, região do Sport Lisboa e Benfica, e região do Sporting Clube de Portugal, para o resto do país. Braga e Guimarães estão praticamente extintas, em guerra civil desde a Taça de Portugal de 2015.
Em todas as aldeias, vilas e cidades o café “central” passou a café “lateral esquerdo”. E encontramo-nos em guerra com Espanha desde que ganhou cá o Europeu. Em todas as praças há estátuas de bronze de Eusébio, que o povo trata de forma carinhosa por “querido líder”. Conta-se que aparecerá numa manhã de nevoeiro para vencer “nuestros hermanos” e restaurar a honra da pátria.
As únicas publicações disponíveis nas bancas são “O Jogo”, “A Bola” e o “Record”. O “Meo” oferece transmissões em 3d para seguir jogadores em tamanho real, não apenas dentro do campo, mas fora dele. Os noticiários abrem com futebol e encerram com futebol. Aquele tipo da Sic Notícias é promovido a director de programação, estreando um programa de 9h com resumos dos 500 jogos da semana. A Casa da Música, o Museu de Serralves e o Centro Cultural de Belém encerram: a primeira é convertido em “Casa do Figo”, o segundo em “CR7 mega store”, o terceiro é demolido para construir mais um estádio: o Estádio de Belém, o que gera polémica, já que a BWin – que oferece seguros de saúde a quem se registar no site – quer que o estádio tenha o seu nome.
Nos cafés deixou de se falar de futebol. Deixou de se falar, aliás. Às 19h há “jogo obrigatório”, precedido pelo novo hino nacional: “I got a feeling” dos Black Eyed Peas, convertido após a vitória da selecção portuguesa no Mundial de 2010, considerada um feito apenas igualável à descoberta do caminho marítimo para a Índia e da cura para a SIDA.
gosta disto!
Muito bom. A actualização portuguesa de “1984” de Orwell…