Escrevi em Fevereiro, em jeito de testemunho e desabafo, um texto sobre a minha (curta) experiência docente, intitulado Ser Professor é
Agora que o ano lectivo se aproxima do fim, acrescento algumas notas e termino com uma solução.
Quando…
– se passa alunos apenas para os “safar” ou para os “despachar”…
– em caso de reprovação reincidente no ciclo, se obriga os professores a preencher longos relatórios, como que a pedir desculpa por não passar os alunos;
– se tem de justificar sempre que se dá mais de 50% de níveis negativos a uma turma, mas já não se presta qualquer tipo de contas quando os resultados da avaliação externa (exames) são francamente inferiores aos da avaliaçao de frequência…
– se tem de justificar dar nível negativo a um aluno no final do ano depois de níveis positivos nos dois primeiros períodos, mas o mesmo já não é preciso fazer no sentido inverso, quando se dá positiva (até pode ser nível 4 ou 5) a um aluno que teve negativa nos dois primeiros períodos…
– quer na avaliação, quer na disciplina, (quase) tudo o que é legislado só contribui para a pioria do nível de ensino público e tem como principal objectivo a vertente estatística e/ou financeira;
– com este sistema no Ensino Básico, se aumenta a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, de forma a promover a mediocridade e o facilitismo educativos por mais uns anos…
– temos um sistema que, assente no carácter pseudo-inclusivo e na permissividade perante casos de alunos problemáticos, só contribui para aumentar o fosso real entre instituições de ensino (não nos resultados, mas ao nível da qualidade educativa) e classes sociais e não reconhece verdadeiramente que o conhecimento é um poder e que a escola é uma oportunidade;
… só há uma solução para um professor que se considere consciente, rigoroso e defensor de uma séria e exigente formaçao de jovens e de uma escola verdadeiramente universal, com igualdade de oportunidades para todos:
FUGIR A SETE PÉS
Muito bom!
As reformas do Ministério da Educação devem ser feitas numa poltrona de cabedal preto a afagar um gato persa no dorso. Enfim.
muito bem dito!!! Apenas um comentário:é por o poder político reconhecer “verdadeiramente que o conhecimento é um poder e que a escola é uma oportunidade”, é que se tomam decisões como as dos últimos quinze anos e que os sindicatos só reclamam quando estão em risco os seus próprios “tachos”…