Quando se pensava que já estavam quase esgotadas as ideias pseudo-milagrosas deste Ministério da Educação, eis que surgiu mais uma: a passagem de um aluno do 8º para o 10º ano mediante certas condições.
Duas notas importantes que há a reter:
1. Esta passagem do 8º para o 10º ano não é um dois em um, mas um dois em… zero. Isto porque esta oportunidade é dada nada mais, nada menos, que aos alunos do 8º que ficam retidos. Ou seja um aluno que no ano seguinte deveria estar a frequentar o 8º ano, passa para o 10º ano. De facto, os malabarismos da “reforma” educativa em curso são dignas de um número de circo…
2. Não é, contudo, uma progressão automática. Para que isto suceda, para que o aluno passe de ano é preciso que o aluno tenha aprovação a TODAS as disciplinas do 9º ano através de provas escritas, seja nos Exames Nacionais de Português e Matemática, seja nos exames de equivalência à frequência das outras disciplinas (que já existem na actualidade, mas para quem frequenta o 9º ano e não faz as disciplinas necessárias)
Vamos então ingenuamente acreditar que é apenas isto e que não há mais nenhum truque na manga. Ou seja, que os exames não vão ter características especiais, não vão ser mais simples e que vai haver uma avaliação verdadeiramente rigorosa, sem directrizes, nem pressões às escolas para que os alunos acabem por passar. Sendo assim, esta medida não é facilitista, é apenas… estúpida. Acreditar que alunos de 15 ou 16 anos, que acabam de reprovar no 8º ano, estão aptos para, no espaço de um mês, terem aprovação a TODAS as disciplinas, incidentes em matérias do 9º (não só, mas principalmente) que eles nem sabem o que são, com realidades e conceitos totalmente desconhecidos, ultrapassa e muito o patamar idílico. É, pelo menos, próprio de uma tutela que, dentro das fronteiras dos seus gabinetes, vive num mundo zen e que não faz a mínima ideia do que são as escolas hoje em dia. Isto já não é propriamente uma novidade, mas fica mais uma forte confirmação.