O “nosso” Benfica

Depois de praticamente não ter investido no início da época (apenas 25 milhões, sem vender ninguém), o Benfica foi o terceiro clube europeu que mais gastou em Janeiro em contratações. Assim sendo, dado todo esta despesa e sendo o 2º ano consecutivo que o clube não marca presença na Liga dos Campeões, torna-se verdadeiramte imprescindível que o “nosso” Benfica seja campeão este ano. Concordo totalmente com esta ideia, porque com a crise económica que vivemos, não seria nada agradável para o ano termos de pagar ainda mais impostos só para salvar um clube de futebol. A única coisa que contesto é que não se assuma isso de forma clara. 

As decisões polémicas dos árbitros (penaltys inventados a seu favor, expulsões das equipas adversárias em catadupa, penaltys perdoados contra, de tudo um pouco tem acontecido) têm sido apenas um pequeno passo. Agora, temos os casos dos túneis em que, pelos vistos, só os jogadores das equipas adversárias é que estiveram envolvidos. Os primeiros visados foram os jogadores do FC Porto no jogo de Dezembro e, ultimamente, os alvos foram os jogadores do Braga. Neste caso, foi-se mesmo bem longe. Por um lado, porque na altura foi expulso um jogador de cada equipa e os castigos foram só para uma das equipas (certíssimo). Por outro, porque o relatório do árbitro não refere agressões nenhumas dos jogadores castigados e as imagens de vídeo não podem servir de prova. Mas isso também tinha solução para não ser tão descarado: bastava que se acrescentasse uma alínea no regulamento a prever que se pudessem flexibilizar as leis sempre que estivesse envolvido o clube do Estado (Benfica), não custava nada. Finalmente, a decisão foi anunciada dia 2 de Fevereiro, um dia depois do fecho do mercado de transferências, não fosse o Braga se tentar reforçar e ter o desplante de lutar com mais argumentos pela conquista do título. Para terminar, destaco a exibição de ontem do central Zoro, jogador emprestado pelo Benfica ao Setubal. Para além de estar envolvido no auto-golo e de ser responsável por aquela falta ridícula e completamete despropositada que originou o penalty a favor do Benfica, foi a léguas o pior em campo do Setúbal. De modo intencional ou de forma meramente instintiva, é claramente digno do maior elogio que um camaronês tenha tido um noção tão forte do verdadeiro interesse nacional que é o Benfica ser campeão. Só falta mesmo uma espécie de Estádio do Algarve em apoteose, como em 2005, para fechar com chave de ouro este campeonato.

Tal como disse anteriormente, só não percebo porque é que a Liga não assumiu logo no início do ano que, acontecesse o que acontecesse, o Benfica iria ser sempre campeão, em vez de fingir que as coisas vão ser decididas dentro do campo. Se fosse assim, estava tudo correcto. Não só pelo lado financeiro, mas também porque iria deixar milhões de portugueses satisfeitos e, portanto, o país ficaria mais feliz. E, se calhar, até adeptos de outras equipas iriam encontrar aspectos extra para não se incomodarem com a vitória do Benfica. Eu, por exemplo, para além dos motivos anteriormente expostos, teria ficado de imediato particularmente contente pelo sucesso desportivo do meu conterrâneo de Múrcia…

                                            JAVI GARCIA

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Uma resposta a O “nosso” Benfica

  1. João Gil diz:

    Não deixa de ser fascinante o enternecedor ersatz da realidade futebolística que os meus amigos portistas criaram esta época, incapazes de lidar com a novidade (infelizmente é mesmo novidade) de ver o Benfica a jogar espantosamente e a ultrapassar o Porto na classificação. Surgiram então com esta explicação, manifestamente pouco imaginativa, de que, se o Benfica vai à frente, só pode ser por profunda maquinação administrativa. No que a isso diz respeito, não tenho muito a dizer pois não discuto efabulações. Cada um enfrenta as realidades difíceis da forma que consegue. Apenas alguns comentários ao conteúdo concreto deste post.

    – As decisões polémicas dos árbitros existem apenas por decreto da imaginação do Torgal. Penalties não existentes consigo lembrar-me de 1 (Aimar contra o Nacional, num jogo que acabou com 5 ou 6 golos), escusando-me a contabilizar quantos ficaram por assinalar. Apenas de cabeça consigo lembrar-me de uns 6 ou 7. Só ontem foram 2. Também não me consigo lembrar de quais foram essas expulsões injustas de adversários mas estou certo que o Torgal me vai conseguir elucidar. Deves estar a confundir com outro clube que viu 2 adversários serem expulsos por mãos fantasma em jogos consecutivos.

    – Quanto aos casos dos “tunéis” confirmo apenas que o estilo Sócrates fez escola. Muita elocubração sobre supostas motivações perversas e iniquidades de bastidores mas nenhum comentário quanto à substância dos casos. No que diz respeito ao Porto, não consigo realmente imaginar outra explicação que não uma pérfida cabala para justificar um castigo a jogadores que foram acusados pela equipa de arbitragem, identificados pela polícia presente e visualizados pelas câmaras de segurança enquanto esmurravam um steward que precisou de assistência hospitalar (fictícia muito provavelmente). Até ao SNS chegam os tentáculos deste polvo. Castigar estes jogadores? Só por aquilo? Infâmia. Escândalo.
    Quanto ao Braga, o caso é mais ou menos o mesmo. Muita indignação pela mãozinha benfiquista no castigo mas nem um pio sobre a justiça ou injustiça do mesmo. Vandinho não deu mesmo um pontapé no adjunto do Benfica? Ney e Mossoró não agrediram mesmo Cardozo com uma estalada e um murro? Pormenores. Acrescente-se que, apesar de realmente as imagens das câmaras de segurança não servirem para instaurar processos, neste caso estamos a falar de imagens provenientes da transmissão televisiva. Sempre usadas nestes casos, como é aliás exemplo o recente castigo ao teu vigoroso conterrâneo de Múrcia. Mas imagino que castigar jogadores a partir das imagens televisivas é justiça desportiva de buraco de fechadura ou, melhor ainda, calhandrice.

    – Para terminar também destaco a tentativa de usar o Zoro para provar esta roubalheira generalizada. Sucede que o Zoro é marfinense e não camaronense, não foi ele que marcou auto-golo (foi o Ricardo Silva) e realizou uma exibição relativamente positiva (estou a citar os comentadores da RTP 1, ainda nem li desportivos hoje). A única coisa que realmente deves ter estranhado é os jogadores emprestados pelo Benfica não terem sido dados como lesionados para este jogo para depois treinarem sem limitações no dia seguinte. Ou serem todos substituídos em cabaz a meio do jogo quando a coisa começou a apertar. Jogaram mesmo, tal como ditam os regulamentos. São estilos.

    Mas tudo bem. O Benfica está na frente (provisoriamente) porque tem sido levado ao colo. Descaradamente. Nem uma palavra sobre se o Benfica tem realmente jogado bem ou não, se tem estado melhor que os adversários ou não. Nem uma palavra sobre o facto de o Benfica ter mais 27 (!!!) golos marcados que o Braga com quem vinha a partilhar a liderança. Ou sobre o facto de o Porto estar a fazer uma época pior que o que nos habituou. A explicação está toda no colinho descarado. Ninguém sabe dizer muito bem onde está o colo ou o descaramento nem tu te preocupas muito em explicar mas todos vamos fazer muita força e acreditar. Pode ser que de tantas vezes repetido comece a parecer mais real.

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