Custa-me imenso perder tempo com coisas que me passam um pouco ao lado, com que simplesmente não perco o meu tempo a comentar, mas é o que vou fazer.
Quando o Miguel há uns tempos escreveu um artigo referindo que não percebia as pessoas que se tinham insurgido contra a transacção milionária do Cristiano Ronaldo, não respondi, porque simplesmente também não me incomoda particularmente que uma empresa privada, Real Madrid, pague o quer que seja por um dos seus activos.
Ainda na mesma lógica, não me custa muito que a SIC, a TVI, a SIC Notícias e a TVI24 estivessem simultaneamente a transmitir, com pompa e circunstância, a apresentação do Ronaldo e o discurso de Florentino Perez, como se de um discurso de estado se tratasse. Julgo que é sinónimo de um tipo de jornalista podre e sensacionalista, de destaque a uma não notícia, com informação vazia de conteúdo, mas, em todo o caso, são canais privados e por isso temos de aceitar as suas opções, por muito que as critiquemos.
O mesmo já não se pode dizer da RTP e da RTPN que também transmitiram em simultâneo a apresentação. Nesses casos, acho uma verdadeira vergonha o que se passou. Os canais públicos têm obrigação de prestar verdadeiro serviço público e não apenas de transmitir o que tem audiências. É essa a sua obrigação e é também por isso que as pessoas contribuem com os seus impostos para a sua existência. Transmissões populistas como esta, não só são revoltantes do ponto de vista informativo (ou não informativo), como dão argumentos a quem defende o fim dos canais estatais, algo de que discordo, pois um canal do Estado pode e deve ser um garante de uma informação com nível, rigor, sobriedade e isenção (o que infelizmente por vezes não sucede).