Sobre a Educação

Numa notícia recente, um investigador canadiano concluiu que Portugal lidera no que toca em “repensar a educação para o séc. XXI”. Em causa está a atribuição dos famigerados computadores “Magalhães”. O “Magalhães” é provavelmente a polémica mais imbecil que se gerou em Portugal nos últimos anos. Em  vez de se debater a estranha negociata com a “Sá Couto”, dezenas de “educadores” viram no computador um alvo a abater, bem como um sintoma daquilo que seria o declínio na educação nos próximos anos. Seria culpa do “Magalhães”, claro. Mas seria mesmo?

Quem me dera a mim ter tido a possibilidade de aceder a um computador daqueles quando tinha 10/ 11 anos. Apesar de o acesso a meios informáticos já ser uma coisa relativamente fácil em 98, não se compara à facilidade que hoje há em aceder-lhes. Por outro lado, a distribuição em massa de computadores só pode vir a ter resultados… positivos. Penso que hoje, mais do que nunca, é importante saber desde criança utilizar com fluidez um computador. Isto porque a Internet é um poço sem fundo de informação, e não é difícil que haja disponível a informação que procuramos, difícil é saber encontrá-la. Acho que desenvolver este mecanismo desde cedo só pode ser proveitoso. Quando se generalizou o uso de calculadoras o discurso foi o mesmo, e é óbvio que são hoje uma ferramenta de trabalho indispensável.

O problema da educação não passa, quanto a mim, pelo investimento público em tecnologia considerada “supérflua”. Passa pela deturpação e manipulação crescentes do sistema. Como? 1) Pela má formação dos educadores em licenciaturas, mestrados e tralhas afins como as “Ciências da Educação”: penso que o sistema deveria funcionar ao contrário: deveriam ser os próprios professores, depois de formados em determinada área a especializarem-se neste ramo; é para mim um mistério o porquê de almas que nunca deram aulas na vida nem se especializaram em nenhum ramo de conhecimento terem a função de vir às escolas explicar aos professores aquilo que descobriram na bibliografia mínima que estudaram para as cadeiras. Ainda mais quando muitas delas são apenas almas renegadas por não terem conseguido a média necessária para entrar em “Psicologia”; 2) Pela instrumentalização para fins políticos da educação. Quanto a mim, isto é provavelmente o maior cancro do sistema. É tão eticamente reprovável e criminoso que repugna! Toda a gente percebe a lógica de funcionamento: a) o governo precisa de provar que as reformas que levou a cabo surtiram efeito. Para isso b) faz provas relativamente fáceis para c) obter resultados que comprovem o seu sucesso. Mas como evitar esta instrumentalização?

Isto leva-nos a um problema de fundo, sem solução aparente: a escolha de pessoas para cargos públicos. Não se valoriza o conhecimento nem as competência, valoriza-se o cartão de militante. Manobras destas fazem-se às claras em todas as empresas públicas, institutos, repartições… Se esta “clientela” já provoca efeitos nefastos em alguns sectores, na educação são devastadores. Estes dois factores que apontei não são, obviamente, os únicos: relacionado com o primeiro problema está a crescente falta de autoridade conferida aos professores (pela escola e pelos próprios pais). Muitos mais se lhes poderão, obviamente, juntar.

Não sei como contornar este problema, mas sei – e todos sabemos – que se não se inverte este processo rapidamente vamos ter, daqui a muito poucos anos, alunos que chegam ao ensino superior a saber cada vez menos e, pior, ao mercado de trabalho sem saberem… nada. Bem, pelo menos sabem pesquisar no “Google”…

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Uma resposta a Sobre a Educação

  1. Por este parágrafo mereces que te ofereça uma cerveja, pá! Ah, como sabe bem ouvir estas coisas daqueles “edukadores”… 😛 Naquela parte de frustrados que não entraram em Psicologia… nem vou comentar, basta dizer que sempre que podem e há vagas de transferência lá na minha faculdade em Coimbra é vê-los a saltar de barco…

    Abrcs.

    “(…) Pela má formação dos educadores em licenciaturas, mestrados e tralhas afins como as “Ciências da Educação”: penso que o sistema deveria funcionar ao contrário: deveriam ser os próprios professores, depois de formados em determinada área a especializarem-se neste ramo; é para mim um mistério o porquê de almas que nunca deram aulas na vida nem se especializaram em nenhum ramo de conhecimento terem a função de vir às escolas explicar aos professores aquilo que descobriram na bibliografia mínima que estudaram para as cadeiras. Ainda mais quando muitas delas são apenas almas renegadas por não terem conseguido a média necessária para entrar em “Psicologia”;”

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