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Uma boa ideia
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Boa ideia…mas apenas parte dela!
Os farmacêuticos (como um dia virei a ser) já não contam pra nada…?
Genéricos sim, tirar os medicamentos da farmácia não, até porque é para isso mesmo que uma farmácia serve!
Ó Rita, estou disposto a concordar com isso, mas nunca pelo argumento de que se tem que dar trabalho aos farmaceuticos! Se for mais eficiente, porque nao pedir aos medicos que distribuam?
Esta proposta tem de ser lida à luz da guerra entre a OM e a ANF e não é – opinião pessoal – para levar minimamente a sério. É a resposta, seguindo mais ou menos o estilo terrorista do Dr. Cordeiro, à iniciativa descabelada da ANF de promover a troca de medicamentos de referência por medicamentos genéricos mesmo em receitas trancadas. Leia-se, aliás, o último parágrafo com atenção para se perceber totalmente a ideia. A OM lança a ideia apenas para marcar terreno na guerrilha com a ANF, tendo no entanto o cuidado de deixar para o futuro e para o Governo a odiosa mas inevitável tarefa de cortar as asas à palhaçada.
Quanto à questão central, a “boa ideia” é uma má ideia por questões de princípio e por considerações meramente logísticas. Primeiro, porque a prescrição de um medicamento é, por definição, um acto “médico”, isto é, enquadra-se nas competências exclusivas do médico e não pode ser desligada nem da sua responsabilização científica nem da relação de confiança entre médico e doente. Substituir o julgamento crítico e individualizado do médico pelo “Estado” na hora de prescrever é uma excentricidade sem qualquer cabimento. Porque não se percebe como definir critérios científicos para presidir à escolha de um só genérico sem ser “aquele que for mais barato”, porque não se percebe como é possível seleccionar UM genérico para responder a TODOS os casos, porque não se percebe onde fica a responsabilidade e liberdade do médico no meio disto tudo e porque não se percebe que ganhos em termos de saúde pública podem advir de tal medida. E por último, mas provavelmente não menos importante, porque não confio na independência do Estado Português nem para comprar material de escritório e muito menos para decidir que fármacos vamos andar todos a tomar.
Mas saltando as objecções de princípio não é preciso pensar muito para se perceber que a ideia é em grande medida impraticável ou, na melhor das hipóteses, pouco vantajosa. Primeiro, porque fazer um concurso público sério que analisasse de forma criteriosa todas as moléculas usadas actualmente é uma tarefa ciclópica, para não dizer impossível. Depois, porque dizer que os médicos entregariam gratuitamente os medicamentos aos doentes é uma imagem bonita e romântica mas não passa disso. Como é óbvio, os médicos não podem ter uma farmácia inteira debaixo da secretária nem se percebe como pôr clínicos a despachar medicamentos é uma utilização racional de recursos humanos. Logo, a única solução seria encaminhar os doentes para algo como farmácias estatais que disponibilizariam os tais medicamentos previamente seleccionados pelo grande comité central dos genéricos. Conhecendo o historial dos serviços portugueses não dava meia dúzia de anos até termos as primeiras notícias sobre o buraco financeiro abissal do recém criado Serviço Nacional de Farmácias. Pesquisa sobre a dívida actual do SNS às farmacêuticas só por causa das farmácias hospitalares e depois multiplica por uns prováveis muitos zeros.
Em abono da verdade, um sistema deste género poderia funcionar num conjunto muito restrito de fármacos de prescrição maciça: anti-hipertensores, anti-inflamatórios, antidislipidémicos, antibióticos ou anticoncepcionais (estes são mesmo em grande medida fornecidos gratuitamente pelos serviços de saúde). Mas alargar tal ideia a todos os fármacos é completamente impensável.
Para finalizar, só um último esclarecimento. Medicamentos genéricos são, sem entrar em grandes pormenores técnicos, cópias de medicamentos de referência cuja patente de protecção (geralmente à volta de 20 anos) expirou. A razão porque são geralmente mais baratos é porque são medicamentos mais antigos e porque não incorporam no seu preço os custos gigantescos da investigação e dos ensaios clínicos prévios à sua aprovação. Tudo isto provoca, obviamente, uma diminuição dos custos de produção, mas a principal razão para o menor preço de venda ao público advém do facto de, sem patente de protecção, poder existir concorrência livre entre os diversos fabricantes. Se retirarmos esse factor da equação estamos a confiar mais na eventual capacidade negocial do Governo em questão do que na livre concorrência para conseguir o melhor negócio para o cidadão/contribuinte. Se me perguntares posso dizer-te em qual confio mais.
João, antes de mais, obrigado pelo esclarecimento! Como deves imaginar, não é um tema que domine bem. (daí a discreta ‘linkagem’).
“Em abono da verdade, um sistema deste género poderia funcionar num conjunto muito restrito de fármacos de prescrição maciça: anti-hipertensores, anti-inflamatórios, antidislipidémicos, antibióticos ou anticoncepcionais (estes são mesmo em grande medida fornecidos gratuitamente pelos serviços de saúde). Mas alargar tal ideia a todos os fármacos é completamente impensável.”
Boa.
Percebi que o bastonário fez a coisa estrategicamente, de modo a tirar a água do capote e transferir o fardo para o Governo.
Mas aquilo que te perguntava, e que é sempre o mistério central para os leigos, é:
Os genéricos são piores ou iguais aos medicamentos de marca? Se bem percebo, os últimos acarretam os custos de investigação (e não só, como bem sabes). Mas essa investigação significa que são melhores? Ou significa-o em alguns casos apenas? No caso de existirem alguns casos em que, na verdade, se trata do mesmo medicamento, porque não prescrever genéricos, porque não haver um acordo em relação ao tema?
Respondendo à questão, os genéricos são idênticos aos medicamentos de marca. Isto porque todos os genéricos têm que obrigatoriamente provar ter eficácia igual ao medicamento de marca. Assim, o seu baixo custo é devido ao facto de a substância activa e da formulação do medicamento já estarem desenvolvidas, não sendo necessários todos os estudos de desenvolvimento farmacêutico que o são quando se trata de um medicamento totalmente novo. Para além do mais, num genérico o custo ainda diminui mais porque a marca não é paga (o que, como toda a gente sabe, é normalmente pago sempre a “preço de ouro”).
Portanto, quando falamos em trocar um medicamento de marca por um genérico não estamos a falar em trocar um medicamento por outro totalmente diferente, mas sim trocar o pagamento de uma marca+estudos+medicamento pelo simples pagamento do medicamento.
A acrescentar ainda que, mesmo que um médico decida trancar a receita, eu posso chegar à farmácia e, por minha conta e risco, pedir o genérico do medicamento que o médico prescreveu. Não se trata de desautorizar o médico, ou quebrar a confiança médico/doente, mas sim pagar menos quando o posso fazer, com as mesmas garantias que teria se pagasse o medicamento de marca.
Com a promoção dos genéricos, as pessoas que nesta altura de crise deixam de ir à farmácia porque o dinheiro não dá pra tudo têm soluções mais baratas e com a mesma segurança…então porquê todo este problema em torno dos genéricos?? Será porque os genéricos põem em causa os “benefícios” que os médicos recebem por prescreverem medicamentos de marca…?
Deixa-me só ressalvar que o meu comentário anterior era apenas contra a ideia peregrina de pôr médicos a dispensar medicamentos e não contra a prescrição de genéricos.
Respondendo à tua pergunta, um medicamento genérico não tem de ser necessariamente igual ao medicamento de marca, necessitando apenas de ter, comprovadamente, a mesma bioequivalência. Ou, simplificando um pouco, que funciona da mesma maneira. Não faço a mínima ideia de qual é a legislação portuguesa sobre o assunto mas costuma ser assim que a coisa funciona.
Em princípio, desde que exista um genérico para o medicamento em causa, todos os medicamentos de marca podem ser trocados, se for essa a vontade da pessoa, por medicamentos genéricos no momento da sua compra na farmácia. Isto apenas não acontece se o médico proibir expressamente a substituição do medicamento prescrito, ou na gíria, “trancar” a receita. As razões para tal são tão variadas quanto o número de doentes e casos. Isto dito, não me custa nada a supor que em alguns casos a insistência no medicamento de marca provirá apenas de resistência à mudança.
Rita, faz-me sempre um pouquinho de confusão que seja impossível falar sobre genéricos sem ter direito ao momento Octávio Machado da argumentação em que se fala dos “benefícios” dos médicos. Não tenho nenhuma razão para acreditar que a classe médica é imune a pressões e aliciamentos da indústria no sentido de prescrever este ou aquele fármaco. Mas no meio disto tudo fica-se sempre com a ideia que os genéricos aparecem nas farmácias brotando do chão ou que são produzidos por pequenas oficinas e velhinhas reformadas. Sinto-me meio parvo a escrever isto mas… os medicamentos genéricos são fabricados por laboratórios da indústria farmacêutica. Muitas vezes pelos mesmos laboratórios que fabricam os medicamentos originais. E – helás! – esses laboratórios (nos casos em que nem são os mesmos…) usam exactamente as mesmas técnicas de divulgação para os seus produtos. Nos últimos tempos, provavelmente devido ao aumento do mercado de genéricos, até de forma tão ou mais presente. E quem fala em “benefícios” para médicos, fala em “benefícios” para farmacêuticos. Tudo isso existe, tudo isso é verdade. Muito pouco disso tem a ver com a discussão sobre genéricos.
Para terminar, mesmo por tua conta e risco, não, não podes trocar um medicamento de marca por outro genérico se o médico trancou a receita. Ou pelo menos, segundo todas as normas que o regulam, não devias poder. Se fosse a ti temia mais pela relação de confiança na farmácia que te permite isso do que pela confiança médico/doente.
Ok, posso-me ter confundido. Sei que já troquei, pensava que tinha sido com uma receita trancada, mas se isso não o é permitido então tinha uma ideia errada.
A questão que eu penso que se coloca aqui é porque é que os médicos teimam em trancar as receitas se é muito mais favorável para as pessoas comprarem o mesmo por mais barato, quando existe essa opção.
Em relação aos “benefícios” para farmacêuticos a questão é mais duvidosa, visto que não são eles os intervenientes na prescrição da receita e por isso não vão afectar a compra de este ou aquele medicamento (falando em termos de MSRM como é óbvio).
Fundamentalmente o que escrevi no comentário anterior foi para reforçar o uso de genéricos, que na minha opinião deveria ser massificado e não constituir uma percentagem minúscula do mercado, como acontece actualmente em Portugal.
A questão dos genéricos necessita de ser desmistificada, bem como a maioria dos médicos necessita de mudar a sua mentalidade em relação a este tema.