O novo outdoor do PSD, ou melhor, de Ferreira Leite (se fosse do PSD teria um fundo laranja berrante e um comentário jocoso ao governo de Sócrates) diz mais sobre a candidata a primeira ministra do que parece à primeira vista. Manuela Ferreira Leite é, efectivamente, o que está naquele cartaz. Não existem Power Points, momentos Chavez, inaugurações, “Magalhães” e comícios de figurantes. Existe a figura central – que é ela – que pensa o que pensa e que se está pouco marimbando para o que as agências de comunicação querem que ela pense. Deste ponto de vista, é admirável que em pleno Séc. XXI, em que o marketing político é quase decisivo para se ganharem eleições, exista algum candidato que faça da política real (e não da realpolitik) a sua arma de campanha.
O problema de Ferreira Leite é que não consegue ser boa na política real. Aquele que deveria ser o seu maior trunfo – a conquista do poder pelas suas capacidades técnicas, pelo rigor e pela honestidade está esbatido e é irrisório face ao gigante da comunicação que é Sócrates e família. Fecha-se em copas sobre praticamente tudo, não deixa nos ouvidos das pessoas uma ideia, uma solução. Informa-nos de tudo aquilo que Sócrates não deve fazer mas é incapaz de dizer o que deve fazer (ela própria foi a primeira a não revelar o seu programa de governação “com medo que o governo se aproveitasse das suas ideias”). A conclusão? Manuela Ferreira Leite não serve para política e sempre que o tenta fazer soa mal, dissonante, artificial. Como o sorriso que esboçou para o cartaz, por exemplo. Ela sabe que se avizinham tempos difíceis e que não há motivos para sorrir. E o problema é que nós também.
E não é que. de modo surpreendente, concordo em absoluto com o que escreveste 🙂
Um comentário lateral: o cartaz está muito bem conseguido.
Quanto ao tema, claro que é de louvar a sobriedade. Mas quando é sobriedade moralista – o caso, já não me atrai tanto.