O Modelo Chileno de Avaliação de Professores

Depois de um período de profundas reflexões, que estamos seguros ter ocorrido, em nome da responsabilidade política, dos deveres patrióticos e em prol, apenas e só, da justiça e do bem estar da nação, o Ministério da Educação decidiu há uns anos adaptar para sistema de avaliação dos professores do ensino básico e secundário o modelo chileno. Ora, perante esta situação, perguntei-me a mim mesmo porquê esta escolha? Porque não nos basearmos na lógica de um país europeu mais desenvolvido, como o caso dos países nórdicos, que são tão venerados pelo nosso primeiro-ministro (por curiosidade, a Finlândia não tem sistema de avaliação de professores, o que não quer dizer que seja a melhor opção). Assim sendo, no alto da minha crença e boa fé, equacionei várias razões hipotéticas para a escolha do Chile como referência sagrada da avaliação de professores e fui procurar respostas para as segintes perguntas: 

1. A escolha do Chile terá sido porque o sistema teve uma aplicabilidade brilhante?
2. Terá sido porque os professores consideram muitíssimo justo este processo?
3. Será porque este sistema melhorou efectivamente a escola pública chilena?
4. O mérito dos melhores professores é reconhecido de modo inquestionável?

Um comentário simples responde genericamente às minhas dúvidas:

Como noticiámos em edições anteriores, há mais de dois meses o Chile vem sendo palco de manifestações e protestos de estudantes e professores contrários à reforma educacional. Segundo os manifestantes, a legislação educacional de Bachelet não atende as reivindicações para que se construa uma educação pública e de qualidade. A nova legislação seria apenas a continuidade da lei educacional de Pinochet, que vigora no Chile desde 1990.
Mesmo após o parlamento chileno ter aprovado a nova legislação educacional, estudantes e professores chilenos seguem em luta nas principais cidades chilenas. Colégios e universidades continuam ocupados, assembleias com centenas de estudantes têm sido realizadas e muitas avenidas tomadas pela marcha contra a Lei Geral da Educação de Bachellet

                                    in http://www.transicao.org

Com base nestas respostas negativas às minhas questões, será que os objectivos da escolha deste modelo de avaliação não seriam, ao invés de valorizar o mérito, contribuir para a melhoria do ensino e para o progresso da escola pública, outros de carácter mais obscuro e perverso?

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