O adepto do Benfica não pára (nem promete parar) de me surpreender. O estado de graça que os novos treinadores obtêm (talvez à excepção de Fernando Santos, a quem já eram conhecidas as manhas), é uma regra. O novo treinador é visto como o Messias, o salvador, aquele que vai fazer do “glorioso”, finalmente, campeão.
O caso de Quique Flores é, contudo, inaudito, na sua dimensão. O homem pode fazer a “asneirada” que quiser, não lhe faltando nunca (até ver) o apoio da massa benfiquista, assumida (adeptos) e não assumida (jornais).
O último exemplo deste fenómeno é a capa d’A Bola de hoje. O Benfica, dando sequência a uma série de “brilhantes” resultados a nível europeu, perde contundentemente com o Galatasaray, em casa. Da última vez que vi um clube fazer uma gracinha dessas, o treinador sentiu o lugar a arder. No caso de Quique, porém – pasme-se – passa-se precisamente o contrário. Senão vejamos: a capa da Bola não só não o culpabiliza pela derrota como afirma: “ele bem disse!”. Como se o homem não tivesse a minima influência e tivesse apenas, num acto de generosidade, avisado contra o desastre.
Sem paralelo! No calor da coisa, vem-me apenas á memória as célebres teorias scolarianas de que empatar já seria um bom resultado, para depois comentar o jogo com base nessa permissa, como se o treinador não tivesse a mínima obrigação de fazer melhor.