Dmitri Medvedev, presidente russo, afirmou que foi a NATO que causou o conflito no Cáucaso. Isto vindo de alguém que legitimou a ocupação russa da Ossétia do Sul com o facto da Rússia ter dado passaportes russos a cidadãos ossetas, sentindo-se, por conseguinte, obrigado a actuar logo que as tropas georgianas ocuparam o “seu” território. Havia, portanto, cidadãos russos no terreno, que foram atacados e, como tal, a Rússia teria sempre de intervir. Por sua vez, podemos seguir o mesmo raciocínio quanto à ocupação da Geórgia. Podemos, aliás, colocar duas hipóteses: i) ou a Rússia deu passaportes russos também a cidadãos georgianos e aí tinha de intervir porque entretanto os “seus” cidadãos ossetas propunham-se a atacar a Geórgia; ii) ou os cidadãos ossetas a quem foi dada nacionalidade russa ocuparam território georgiano – onde foram atacados – e, consequentemente, os russos tiveram de intervir na Geórgia para, uma vez mais, defenderem os seus cidadãos. Ninguém quer, obviamente, uma guerra com a Rússia, até porque ela não vai existir. Mas, para a posteridade, fica a técnica da legitimidade das ocupações mediante a outorga de passaportes, que russos e americanos se esqueceram de mencionar na Carta das Nações Unidas, ou que, se calhar, julgam estar nesta contida, dado ser evidente que nunca a leram com muita atenção. Julgo que ninguém os pode criticar já que foram eles que a fizeram.
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A linha de raciocínio russa é demais! Basicamente, Putin – por intermédio de Medvedev – usa como pretexto estar a proteger os cidadãos nacionais. É fabuloso!
Se tivermos, ainda, em linha de conta o facto de a Rússia se opor desde o início à independência do Kosovo e ter ela própria um conflito interno semelhante na Chechenia – que por sinal é bastante perto da Ossétia e da Abkazia – este raciocínio ganha contornos de esquizofrenia.
Quem não fica muito contente é a Sérvia, a quem esta descredibilização russa – ao contrário do que acontece para os próprios – não vem nada a calhar, visto ser o “gigante de leste” o seu maior aliado.
Finalmente, convém ter em conta que a Rússia, embora nada descontente de assim ser qualificada, está longe de estar a reemergir como uma das principais potências. Já aqui sugeri várias vezes a ideia das “potências mediáticas”. A Russia enquadra-se neste esquema, e esta guerra, não sendo evidentemente apenas por isso, vem muito nesse sentido. Claro que a projecção recente do país não deriva unicamente de um puro e oco mediatismo – as políticas de Putin, o gás e o petróleo ajudam mesmo -, mas é claramente exagerada. A Russia depende muito do ocidente (principalmente da Europa), e sabe-o!
P.S. Já me esquecia de saudar o regresso da “filha pródiga”!