
Embora tenha a vitória quase assegurada nas primárias do seu partido, John McCain não colhe muito entre as bases. Ou seja, ganha devido a dois factores: 1º, o voto dos independentes e dos moderados; 2º, o facto de haver outros dois candidatos a disputar o eleitorado conservador.
O apoio aos dois restantes candidatos encontra-se dividido. Mike Huckabee é apoiado pelos conservadores do sul, ao passo que Mitt Romney recebe a maioria dos votos dos conservadores não sulistas. Pode-se, assim, deduzir que McCain benificia muito desta divisão. Uma eventual desistência de um destes candidatos em favor do outro poderia tornar as coisas difíceis para o senador, veterano da Guerra do Vietname. Contudo, tal cenário parece pouco provável, visto os dois terem deixado bem claro ontem que iam continuar, não dando o processo como encerrado
Sendo assim, esta parece ser, agora, a maior preocupação de McCain. A verificar-se a sua escolha para candiato republicano, não lhe será fácil obter o total apoio das chamadas bases, que lhe será fundamental para ombrear com o candidato democrata (qualquer que ele(a) seja).
O grande problema de McCain é ser visto como demasiado liberal no seio do seu próprio partido.
Identifica-se muito com as políticas actuais do governo Bush (embora tenha com este uma inimizade histórica), sendo um defensor acérrimo da guerra do Iraque (ao contrário do que seria de esperar, não lhe tem tirado votos) e um forte opositor à imigração ilegal.
No entanto, não agrada à camada mais religiosa (e esta é significativa, cerca de 25%) do Partido Republicano. Isto deve-se às suas posições pouco claras (leia-se pouco extremistas) em relação a temas como o Aborto (é contra, mas aceita-o em caso de violação, incesto ou protecção da vida da mãe ) e, principalmente, o casamento homossexual. Embora afirme que o conceito de casamento implica que este ocorra entre homem e mulher, opôs-se à proposta de uma emenda constitucional banindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sob o argumento de que cada estado deveria decidir sobre o assunto. Apoia ainda benefícios fiscais para “companheiros” do mesmo sexo.
Esperamos para ver…
P.S. Do lado democrata a luta continua renhida. Infelizmente, ainda não foi desta que Obama passou para a frente.
O tema merecia um comentário mais alargado que a hora adiantada não me permite. Vou tentar amanhã. De qualquer maneira uma pequena correcção que, no que diz respeito ao debate eleitoral americano, nem é tão dispicienda assim. Em relação à imigração, McCain tem uma posição dita “liberal”, isto é, apoia a não repatriação dos imigrantes ilegais e a regularização dos milhões que se encontram no EUA. Aliás, essa posição é uma pedra no sapato no que diz respeito ao seu eventual apoio pelo partido e já lhe valeu nesta campanha longas vaias em comícios republicanos. Só essa dica. Abraço
Tinha acabado de ver isso (http://afp.google.com/article/ALeqM5hyLIcAbgUONdYVIbolfWDrTt87RQ).
Antecipaste-te! 😉
Por acaso não sabia. Tem piada, porque ainda o torna um republicano mais heterodoxo…
Tks
Já agora, mais dois pontos para a discussão:
1. Tudo isto torna McCain o candidato mais difícil de derrotar pelos democratas, especialmente Hillary. Esta análise já era feita em relação ao “falecido” Giulliani, agora apoiante de McCain e seu possível vice (pode jogar contra ele o facto de serem “demasiado” parecidos).
2. Agora, com a desistência de Romney, parece estar tudo resolvido. Ainda pensei que ele pudesse apoiar Huckabee, mas seria um sapo muito difícil de engolir – principalmente estando ele atrás de Romney na corrida.